quinta-feira, 20 de maio de 2010

Maior que o beijo









O Orkut já contou para todos que o Zé está namorando (o Zééééééééé? :O). Apesar de ter nascido na Paraíba, Zé é bem cearense e, como tal, a partir de agora, arroxa* apenas uma mulher. Da mesma forma, o Rachid, meu “sobrinho” maranhense, também só anda fazendo saliências com sua digníssima. Já o sergipano Vinícius, não sei o que anda fazendo, mas me contou que o sergipano que diz que “tava gastando ali com fulana” é porque aprontou bastante.

E o que faz o “cearense” arroxar, o maranhense fazer saliência e o sergipano gastar? Antes que você pense besteira (o que não configuraria, necessariamente, um erro), já respondo: é a diversidade lingüística.

O estudo dessas diferenças, que podem ser facilmente percebidas em nosso dia-a-dia, é antigo: em 1826, a pedido do geógrafo Adrien Balbi, Visconde de Pedra Branca registrou alguns dados lexicais de algumas regiões brasileiras. Os dados ajudaram a compor o Atlas Ethographique Du Globe. O assunto só veio a ganhar destaque a partir do século XX, com Amadeu Amaral (com O dialeto Caipira, 1920), Antenor Nascentes (com O Linguajar Carioca, 1922) e Mario Marroquim (com A Língua do Nordeste, 1934).

Que o Zé arroxa, o Rachid faz saliência e o Vinícius gasta já se sabe, o que nem todo mundo sabe é que o português falado no Brasil vem sendo mapeado e transformado em Atlas. Sabe aqueles textos que nos arrancam gargalhadas, dizendo:
“Cearense não diz que o cara é gente boa... ele diz que o cara é "pai d'égua"!”
“Cearense não dá volta... ele arrudêia!”
“Cearense não é homem... ele é macho ou é cabra bom!”
“Cearense não pede licença... ele diz " Ó o mei "!”

Pois os tais textos de humor têm sua versão séria. A idéia surgiu, em 1952, com Antenor Nascentes. Onze anos depois, nascia o Atlas Prévio dos falares Baianos, de Nelson Rossi e colaboradores. De lá pra cá, outros trabalhos surgiram, como o Atlas de Minas Gerais (1977), Paraíba (1984), Sergipe (1987), Paraná (1994), Região Sul (2002) e Amazônas (2004); e outros estão em andamento: Rio de Janeiro, Acre, Mato Grosso, Maranhão, Rio Grande do Norte e Esirito Santo.

O mais recente desses trabalhos é o Atlas Linguístico do Estado do Ceará – ALECE, que será lançado HOJE, às 19h, no auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará. Maiores informações: http://www.ufc.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=9794&Itemid=1

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Para ler mais sobre o tema: Revista Conhecimento Prático Língua Portuguesa Nº20.
* Eu bem sei que o “arrocho” que tá no dicionário é com CH, mas, em cearês, o “arrocho” é com CH ou com X? A Internet me contou que é com X. Usei o X, não por causa do renomado gramático Google, mas, porque X lembra um abraço... E a gente bem sabe que o arroXo é um abraço bem gostoso, oura! ;)

Serviço:
Lançamento do Atlas Linguístico do Estado do Ceará – ALECE
Dia: 20 de maio de 2010 (HOJE)
Horário: 19h
Local: auditório da Reitoria da Universidade Federal do Ceará

3 comentários:

  1. Ô blog criativo!!! Muito bom caminhar por aqui e contemplar texto cheios de informação, mas delicados e sensíveis. Parece um beijo na alma, isso sim!

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  2. Super adorei a ideia do blog, flor! Bem tua cara. Bem beijo de boa língua...da língua "bem dizida"!

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  3. Coooompas, brigadão pela força aqui no blog!! Ele tb é seu!!! Tuynazinha, adorei a visitinha e as palavras!! Beijos, meninas!

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